Pelos sertões que andei... de Recife a Petrolina
“Feito as mulheres grávidas, a terra vai ficar terna, vai ter olhos úmidos, vai fechá-los, com medo dos relâmpagos...” Quando o poeta cearense Jáder Carvalho escreveu essa frase, certamente ele estava esperando a chuva cair no sertão tão sedento, mas o poeta sabia que bastava cair as “gotas da esperança” para da terra seca brotar vida e vida com abundância.
Foi exatamente o que vimos em nossa viagem ao sertão de Pernambuco. Testemunhamos o espetáculo do verde, da vida, de esperança que a chuva proporcionou. A nossa aventura partiu do Recife pela BR-232, por onde percorremos por mais de 500 km, (passamos pela cidade de Flores), mudando de estrada a partir de Salgueiro. Em nosso roteiro incluímos várias paradas rápidas para conhecer alguns pontos turísticos de cidades como Arco Verde, Belo Jardim, Custódia, Serra Talhada e Salgueiro. São belas cidades que carregam suas características próprias, mas todas trazendo a marca do solo Nordestino, que enche de orgulho os filhos da terra.
A renda renascença de poção que é vendida em Pesqueira, os queijos maravilhosos de Sanharó, o artesanato sustentável do espaço tareco e mariola em Belo Jardim,
Transposição do rio São Francisco em Custódia
O museu do cangaço em Serra talhada são pontos indispensáveis para uma prazerosa visita.
A viagem prosseguiu com chuva no sertão, foi fantástico! Nos tirou da mente toda aquela ideia fotográfica de que o sertão é só sede, fome, caatinga, barro vermelho, animais morrendo na estrada, sertanejo carregando um balde na cabeça para sobreviver à seca. O que realmente vimos, foi muito verde, a terra florida, gerando vida, pequenos açudes com água, o homem lavrando a terra, os animais comendo nos pastos, milhares de passarinhos fazendo um espetáculo à parte com suas revoadas de felicidade, lindas e coloridas borboletas mudando a paisagem do sertão.
Depois de Salgueiro, percorremos mais 300 km Sertão á dentro, passando por Orocó,
Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande e Petrolina. Não se pode descrever o prazer que nos invadiu ao contemplar as belezas naturais dessas cidades, principalmente quando se tem solo molhado, fértil, pronto para gerar vida, com as serras verdinhas jorrando água e cobertas pelas nuvens baixas nos maravilhando com tanta riqueza natural. Ao chegarmos em Petrolina descemos logo para as margens do Velho Chico,
Finalmente estávamos frente à frente com o mais importante rio do nordeste, personagem lendário de tantos contos e aventuras, o Rio São Francisco nos fascinou.
Em Petrolina encontramos uma situação atípica, a população acostumada com temperaturas acima dos 30 graus, estava toda agasalhada, pois o frio bateu forte no sertão. Petrolina e Juazeiro estavam sendo visitadas pelo frio de 17 graus com sensação térmica de 13 graus. Passeando pelos pontos turísticos de Petrolina fomos à Catedral da Cidade, uma bela construção do século IXX que encanta só de olhar,
O bodódromo é o ponto mais conhecido da culinária local, um espaço com vários restaurantes que oferecem tudo o que há de mais tradicional na cozinha sertaneja, inclusive muita carne de bode,
Atravessamos a imponente Ponte Presidente Dutra que liga Petrolina em Pernambuco a Juazeiro na Bahia
E conhecemos a catedral da cidade de Juazeiro, por sinal, tão bela quanto a de Petrolina.
Em nosso último dia ás margens do Velho Chico, fomos visitar a vinícola Rio Sol, que com tecnologia e respeito ao meio ambiente gera centenas de empregos diretos e indiretos aos moradores da região, a vinícola investiu em muitas pesquisas que permitiram desenvolver uvas que brotam duas vezes por ano e que cada parreira pode continuar brotando por 15 anos.
Vários tipos de uvas são cultivados e industrializados, resultando em muitas opções de sabores de vinhos secos, tintos, doces e alguns deles são vencedores de prêmios nacionais e internacionais. Após a visitação houve uma degustação de vinhos e suco de uva de dar água na boca que deixou um gostinho de querer voltar outra vez.
Uma viagem de muito prazer, é assim que classificamos nossa aventura que teve até assalto a carro forte na cidade de Mirandiba, que em um pequeno trecho tivemos que passar por dentro da caatinga e depois voltar para a estrada.
A volta foi tão prazerosa quanto a ida, pois as estradas estão com boa conservação, permitindo um dirigir tranquilo e seguro, foram mais de 1.600 km de rodados, mas em nenhum momento o cansaço venceu o prazer, em nenhum instante a fadiga venceu o contemplar da viagem. Como diz o poeta Gibson Medeiros: “Quando há chuva no sertão o povo diz muito obrigado, tem festa na região, tem missa no povoado, tem verde na plantação e tem alimento pro gado.”